domingo, 5 de julho de 2009

Meu produto de Borges

Solidão

Ela jogava com amigos, colegas, conhecidos. Seu time todo comprometido do outro lado, lançava-lhe olhares de desaprovação. Só um do time adversário mantinha-se de pé, e era o maior de todos; forte, robusto e alto. Clara só pensava em concluir o que deveria fazer para acabar o jogo. Queria ganhar? Ela não pensava nisso, ganhar era o de menos, ela só queria exercer bem sua tarefa. Já tinha mandado o outro time para fora sozinha porque ninguém do seu próprio time queria ajudá-la, era como um protesto.

Cara a cara com o seu oponente, agiu, segurou-se aos ombros dele por trás, e isso bastava para que o seu time vencesse. No mesmo instante, a escuridão fez-se presente e sentiu um golpe preciso em sua boca do estômago. Foi ao chão graciosamente, rolou como bem sabia para não se machucar, e esperou uns instantes no breu. Levantou e fez um sinal obsceno, já tinha decidido que não precisava daquilo. O insulto termina com qualquer possibilidade de diálogo, mas ela não queria dialogar, até porque no escuro ninguém podia ver o que ela fazia.

De cabeça erguida, encaminhou-se para a saída, consciente de que não queria ficar onde não a quisessem. Sem pestanejar, pois já conhecia aquele campo como a palma de sua mão, saiu sem ver o caminho que percorria, saiu e não voltou mais.

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