segunda-feira, 30 de maio de 2011

Reconfortante

Por que Jesus não conseguiu curar todos os enfermos?

Em relação às multidões que seguiam Jesus em busca de alívio e da cura, pequena foi a quantidade dos que ficaram realmente curados de seus males. Os mais irascíveis e descontentes pelo fracasso de suas pretensões não vacilavam em blasfemar contra o profeta Galileu, provando, assim, que a dureza de seus corações era um obstáculo para merecerem a saúde do corpo. (pág.244)

Mas o Mestre Jesus, espírito poderoso e santificado não desejaria curar a todos? Ou ele já sabia de antemão quais os enfermos que deviam ser libertados de suas dores e enfermidades?

Jesus descera à Terra para salvar toda a humanidade; o seu amor incondicional extravasava continuamente numa doação incondicional. Se ele não curou a todos foi porque os óbices contra a sua ação benfeitora residiam nos próprios infelizes que o procuravam ainda imaturos em espírito. Em verdade, sua missão principal não era curar os corpos, mas acima de tudo salvar a alma. As curas materiais que realizou serviram apenas para comprovar a força do Espírito eterno, mas sem alterar a lei do Carma, a qual determina a “cada um colhe conforme o que tiver semeado”. Jesus curou as criaturas que também se libertaram de suas mazelas morais, graças ao estado de fé criadora e pureza de intenções. Enfim, as que foram espiritualmente ao seu encontro, sem qualquer desconfiança, mas sob propósitos para uma vida digna e amorosa. (pág.244)

Sublime Peregrino - Ramatís

domingo, 29 de maio de 2011

Fuga

A mente da gente é mata fechada, abro clareiras com a minha própria força, às vezes tenho algum instrumento para ajudar a desbravar o caminho, às vezes tenho que empurrar troncos do tamanho de um punho com minhas próprias mãos. E o que procuro? É certo que sei que encontrarei, mas nunca sei o que estou a procurar. Quando percebo um movimento nas folhagens, vislumbro uma direção, no entanto, desconheço o objeto que se desloca mais rapidamente do que as minhas pernas conseguem correr. Corro e paro, aguço os ouvidos para o silêncio, para o vento lambendo as árvores que perco de vista. E me descubro só, ouço apenas o som do ar saindo do meu corpo, ar pesado e quente. Não consigo entender por que fogem de mim, por que não podem ficar parados para eu conseguir ao menos estudá-los de longe, conhecer os seus contornos, sua extensão, mirar os seus olhos e, finalmente, compreender. Compreender o que você significa para mim dentro e fora de mim. Desvendar! Peças que se montam, constroem bases e fundamentos, degraus de escada, casa na árvore! Dali de cima posso ver melhor! Enxergar onde vocês se escondem, posso gritar que não quero lhes fazer mal, apenas posso não saber que fim dar aos que encontro pelo caminho, ficarão guardados com todo o cuidado debaixo do meu chapéu, que me protege do sol forte e da chuva. Não temam! Podem vir ao meu encontro, se tiverem medo, eu até fecho os olhos, eu os abrirei apenas quando vocês tiverem se acostumado comigo, primeiro um olho, depois o outro. E, talvez, um tempo depois, vocês se sintam confortáveis o suficiente para passearem ao meu lado e sentirem o meu toque; porque eu quero tocá-los, preciso tocá-los para sentir, porque só assim vocês poderão fazer parte de mim, passarão a fazer parte da minha pele, dos meus ossos e do meu ser.

sábado, 28 de maio de 2011

Entre

“– Eu sei – atalhou Marcelle -, não é um fim, é um meio. É para libertar-se a si próprio; olhar-se, julgar-se: sua atitude predileta. Quando você se olha, imagina que você não é o que está olhando, que você não é nada. No fundo, é o seu ideal: não ser nada.
– Não ser nada – repetiu lentamente Mathieu. – Não. Não é isso. Escute: eu...eu gostaria de nada dever senão a mim mesmo.
– Sim. Ser livre. Totalmente livre. É seu vício.” (pág.21)

SARTRE, Jean Paul. A Idade da Razão. São Paulo: Abril Cultura, 1979.
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“A ausência do sentimento puro pela espiritualidade, a negação do jovem moderno em ser religioso, tolerante, obediente, resignado, sincero e pacífico, fazem crescer o índice das enfermidades, pois a hipocrisia, o ódio, a desforra, a violência, a irascibilidade, a cupidez, o orgulho são doenças da alma, que repercutem no corpo, prejudicando a saúde”. (pág.242)

Sublime Peregrino – Ramatís

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eixo

Procurando entrar de volta no ritmo da expressão do viver.
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Não é vergonhoso que eu só tenha pego pra ler MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS depois de saber que o livro figurava na lista de “melhores livros” do Woody Allen? De qualquer forma, quem saiu ganhando fui eu.
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“I don´t believe I have to be loyal to one side or the other. I´m simply asking questions.” – Jurado de número 11.

12 Homens e Uma Sentença (1957)

domingo, 22 de maio de 2011

Cyst free

Foi uma experiência legal, apesar das circunstâncias: passei o dia com os meus pais, e que ótimo dia! Fomos todos cordiais uns com os outros e não houve sequer discussão. Não que isso não seja comum, mas hoje foi especialmente agradável =D

Chegamos no hospital quase 7h30, subimos pro quarto e esperamos a enfermeira para eu poder me aprontar para o centro cirúrgico. O anestesista veio conversar comigo, explicar o procedimento, pegar exames e conhecer melhor a minha saúde. O meu cirurgião já tinha vindo pegar alguns outros exames e, logo mais, um outro enfermeiro vinha me buscar.


Já na sala de cirurgia, colocaram a intravenosa, injetaram uma anestesia inicial fraca, respirei oxigênio e depois ministraram a anestesia pra valer, e apaguei. Acordei com eles pedindo para eu tossir para expelir o tubo, tossi o resto do dia, e foram me fazendo perguntas para acordar, “pergunta o CPF dela!” Não melhor, “quais os números megasena?” Depois de pensar um pouco consegui gritar um “sei lá” rs Mas a vontade de dormir e não falar nada era grande. E ainda lembro de uma picada no braço direito...deve ter sido pra acordar mais rápido, nem vi o tamanho da agulha, mas ficou um pequeno hematoma e ardia, vez ou outra, durante o dia.

Já no quarto, o médico fez as últimas recomendações, deu a lista de remédios e disse que eu estaria liberada às 18h. Coloquei gelo no local e a operação foi tão bem feita que quase não dá para perceber, está só um pouquinho inchado.

Tomei soro a tarde toda, novalgina, outro remédio pra dor e antibiótico. Tomei sopa, comi gelatina de morango e mais tarde uma vitamina de banana com melancia e maçã. Assistimos ao jogo do Botafogo sem som (a tevê estava com problema) e fui ao banheiro inúmeras vezes.

É, acho que foi isso.

Essa semana, então, nada de esteira ou kung fu.

p.s. nada de contar piadas nos próximos dias, eu não posso rir =p

sábado, 21 de maio de 2011

Epifanias

Na verdade a incapacidade de amar é normal, e não deveria ser.
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Está decidido: toda vez que eu me irritar com o meu pai, farei uma dança ridícula.
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Resistir ao que prega o Espiritismo é resistir ao progresso, à prática do bem, ao acúmulo de virtudes e à eliminação de vícios.
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http://twitter.com/cla452

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Fatos: Egoísmo 2

Fato curioso: antes de ontem ajudei um senhor a atravessar a rua, ontem de manhã ajudei um cego a entrar no ônibus e de noite ajudei outro cego a atravessar outra rua. Curiosa para saber o porquê dessa atração.

Fato legal: se buscar por “fatia de limão” no Google, este será o primeiro site da busca! =D

Fato “sei lá”: se buscar por “desidrose” no Google, este será o terceiro site da busca.
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“Jesus não visava aniquilar a “força” do egoísmo, mas apenas inculcar-lhe um sentido proveitoso em benefício do próximo. O amor a si mesmo seria, pois, a ação dinâmica do amor a outrem. Utilizando o seu admirável dom de percepção espiritual, Jesus procurava identificar em si mesmo, quais seriam as reações morais do espírito diante da injustiça, da ingratidão, da perversidade ou do egoísmo humanos. Ele não acusava mágoas ou ressentimento, nem sofria intimamente a agressão ou insulto alheio, mas buscava conhecer as torturas a que se submetem as criaturas terrenas, mortificadas pelos próprios pecados e vícios. No entanto, reconhecia que os homens eram perversos, orgulhosos ou avaros, porque também eram ignorantes e imaturos de espírito. Indubitavelmente, em vez de serem condenados ou mesmo censurados, eles precisavam ser esclarecidos ou ensinados, quanto ao verdadeiro motivo da vida e à responsabilidade do espírito eterno.” (pág.172)

Sublime Peregrino - Ramatís

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sono leve do Brás?

Nat: Por que você acordou cedo num domingo??? *quase pulando na minha garganta*
Cla: Eu tenho prova hoje.
Nat: Eu fui dormir 3h da manhã ontem, achando que ia poder dormir até mais tarde!
Cla: O que você quer que eu faça?...

Esse é o mal de ter sono leve e não conseguir dormir de novo, mesmo não sofrendo desse mal, eu sofro desse mal rs
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“...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis;” (pág.34) [Engraçado como uma frase pode nos remeter à escola, às provas de vestibular, à nossa adolescência]

“Às vezes caçava, outras dormia, outras lia, lia muito, outras enfim não fazia nada; deixava-me atoar de idéia em idéia, de imaginação em imaginação, como uma borboleta vadia ou faminta.” (pág.46)

“- Não entendo de política, disse eu depois de um instante; quanto à noiva...deixe-me viver como um urso, que sou.
- Mas os ursos casam-se, replicou ele.
- Pois traga-me uma ursa. Olhe, a Ursa-Maior...” (pág.47)

“Fiquei aliviado e fui dormir. Mas o sonho, que é uma fresta do espírito, deixou novamente entrar o bichinho, e aí fiquei eu a noite toda a cavar o mistério, sem explicá-lo.” (pág.54)

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo, SP: Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda., 2007.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Considerações

Hoje em dia, em acompanho apenas uma série de tevê: Castle. E, depois de três temporadas, venho fazer um balanço dos motivos que me levaram a gostar da série e os que me fazem continuar a acompanhar o desenrolar da história.

De forma sincera e direta, confesso que os mistérios nunca foram os aspectos que me faziam ver Castle semana a pós semana. O que mais me agradava, era a colisão entre o real e o ficcional, a policial e o escritor. E o mundo do escritor, apesar de ser de bestsellers (o que não poderia ser diferente), acabava por colorir e tornar o real mais divertido e engraçado.

No início tudo era novidade, havia liberdade para experimentar em várias direções, e, assim foi a primeira temporada. Sempre gostei, também, das vítimas e dos suspeitos, os escritores inventavam tipos divertidos e, mesmo, tipos verdadeiros, no sentido de emocionar pela profundidade da atuação, e da empatia que me inspiravam.

Outro aspecto que prendia era o relacionamento entre o Castle e a Beckett, um irritando o outro, mas ele do que ela, e nós do lado de fora, achando divertidíssimos os comentários, muitas vezes, infantis, mas carinhosos do Castle. Depois pudemos ver todo o lado geek do Castle sendo explorado, por influência óbvia do próprio Nathan Fillion. E foi assim até o final da segunda temporada, ótimo!

Agora, começa o problema: eles tinham que começar a fazer escolhas, e senti uma queda tremenda na experimentação de como explorar os personagens. Em poucos episódios da terceira temporada, já dava para perceber uma fórmula fixa de roteiro, parece que as pessoas pararam de sentir e reagir para apenas falar as suas falas e cumprir o script, mais voltado para a ação. Foram criados relacionamentos que não víamos na tela, outros surgiam de um episódio para outro, sem desenvolvimento. O escritor foi deixado de lado, poucas ou nenhuma menção, do que no início havia me cativado. E, por fim, os escritores, decidiram então tornar Castle mais pesado e sombrio, perdendo aquela aura leve que o personagem principal representa (va). O que fazer então, abandonar a série?

Confesso que me apeguei a todos eles, mas estava realmente difícil assistir algo que, ao final, não agradava. Quanto ao último episódio da terceira temporada, consegui vislumbrar algo diferente e que me interessou, eu só não sei se é suficiente para me manter como espectadora.





Mesmo sombrio, eu gostei do peso das questões levantadas: a Beckett que baseou toda a sua vida e carreira na busca de encontrar o assassino de sua mãe, o Castle preocupado com ela e reconhecendo como se sente, a iniciativa da Beckett de perdoar a traição, o Capitão Montgomery tendo que escolher entre a família e a amiga (Beckett), questões que me fazem querer assistir o episódio de novo.

Mas também tiveram bolas foras, como o final dramático, totalmente apelativo e inverossímil (como alguém, que está sendo perseguido, não usa colete à prova de balas e se mantém exposto daquele jeito???*refletindo se talvez não foi um sonho*). E tudo aconteceu tão rápido, que eu ainda estava digerindo o último acontecimento, e o episódio ainda jogava mais lenha na fogueira. Pra mim, ficou parecendo alguém que vai com muita sede ao pote. A verdade, é que nessa temporada tiveram menos episódios dignos de receberem 5 estrelas, e, ao que me parece, a tendência será diminuir.

Diferentemente do ano passado, esses 4 meses sem Castle passarão, assim, sem qualquer crise de expectativa pelo o que virá em setembro.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Imagética

“Ela beijou-me como se aquele fosse o nosso primeiro e último beijo. Eu podia sentir a ardência de sua paixão pelo calor que nossos corpos trocavam ao se encaixarem naquela tarde fria. E, ao mesmo tempo que ardíamos, ela arrancou o meu coração ainda batendo, jogou no chão e o pisou, antes mesmo de eu conseguir tomar o meu fôlego”.
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Meu mestre do Kung Fu estava nos ensinando, dia desses, a respiração do sininho de ouro. Uma parte do pessoal sentiu uma força descomunal nos movimentos, eu não senti nada. Talvez porque eu estivesse prestando atenção para fazer os movimentos corretamente, eu encontrava-me fora de mim e não dentro. E ele começou a falar mais sobre suas experiências com a luta, até que disse que a paixão é o desequilíbrio. E que nós, em qualquer área de nossas vidas, devemos buscar o equilíbrio. Eu concordo plenamente, mas onde fica a paixão que nos move? Só podemos encontrar o equilíbrio depois que o perdemos, e a paixão é esse combustível. Se estamos então em paz com tudo e todos, acho que não precisamos mais estar aqui, a lição terá sido aprendida. Mas eu ainda gosto e preciso da paixão, por isso ainda caminho por aqui.
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‘Bem, os séculos vão passando, chegará o meu, e passará também, até o último, que me dará a decifração da eternidade’. (pág.21)

ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. São Paulo, SP: Ciranda Cultural Editora e Distribuidora Ltda., 2007.

domingo, 15 de maio de 2011

Cachorra

Ai, esse peso que não me deixa. Essa barreira que me impede. Esses olhos cansados que fecham sem eu perceber. E esse corpo que pede uma cama, um travesseiro e um bom sono. Eu não sou ninguém quando cansada. Ignoro sutilezas e vejo nada. Não adianta querer me animar, é arriscado até, o bom senso começa a me deixar. Eu começo até a rosnar.
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Impossibilitada de pensar.

sábado, 14 de maio de 2011

Egoísmo 1

“Então Jesus compreendeu que para o homem tornar-se altruísta, teria de ser explorado no próprio egoísmo. Visando ao seu maior bem também poderia visar ao bem do próximo. Jamais alguém poderia dar aquilo que ainda não possuísse realizado e satisfeito em si mesmo. O homem primeiramente teria de ser egoísta, isto é, “acumular” até sua plena satisfação, para depois sentir o prazer de doar e repartir. Por isso, seria preciso transbordar os homens de Amor, a fim de que eles passassem a amar-se uns aos outros. Partindo do próprio egoísmo da criatura preferir o máximo bem para si, Jesus lançou então a sua máxima ou princípio surpreendente e de maior sublimidade no ser: - ‘Ama o próximo como a si mesmo’. O egoísmo, tão gélido e separatista principal sustentáculo ou cogitação da personalidade humana, então serviria para cimentar o fundamento do próprio Amor, em relação ao próximo”. (pág.172)

Sublime Peregrino – Ramatis
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Desejando imergir-me em algum mundo literário, queria perder-me em alguma linguagem, para beber e criar. Criar e dar voz. Agora que não crio, percebo o quanto de prazer esse labor me proporciona – a transcendência pelo sentir, pelo canalizar.
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Por que será que a loucura é tão inspiradora?

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A vida passando...

Vi alguém quando estava indo e vi o mesmo alguém de novo quando voltava, em pontos diferentes do percurso. Estranho. Como se estivesse esbarrando com alguns poucos personagens de um jogo qualquer.
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É no mínimo divertido ser disputada.
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Pedro: Ah! Terminei de ver a primeira temporada de Smallville ontem!
Cla: Meus pêsames =P
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- A câmera é o predicado.
- Por que?
- Porque atrás dela vem o sujeito.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Coração

Meu cardiologista é uma figura!

- Você bebe?
- Não.
- Fuma?
- Não.
- Vai dizer que é crente?!
- Não, não.
- Agora, não vai me dizer que não tem namorado!
- Pior que não tenho.
- Ah, mas nós temos que dar um jeito nisso! Eu vou arranjar um pra você!

Depois ainda me falou que eu estava parecendo uma lagartixa, branca, branca, e que eu precisava tomar um sol.

Acabei de voltar de pegar o risco cirúrgico lá com ele.

- E aí, arranjou um namorado?
- Em uma semana?
- É, oras. Faz o seguinte, daqui a seis meses você volta e eu lhe apresento algumas opções, mas enquanto isso, não fica parada não.
- Pode deixar, quando eu voltar a gente troca figurinhas! Rs
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“Vai uma sensação de peito de peru?”

terça-feira, 10 de maio de 2011

Nutrir

Comi e ainda tenho fome
Insaciável
Além do arroz e do feijão
O corpo pede e exige
Migalhas viscerais

Uma palavra sua
E eu quero mais e mais
A palavra que chega e atiça
Como o fogo que vai se alastrando

Tenho fome ainda
Colho as suas migalhas
Preciso delas pra me exprimir
Pra expulsar de mim o que pulsa e quer sair

Preciso respirar

Vísceras contorcionistas
Igual que atrai igual
Quero uma cor pra dar voz à minha dor
Esse sofrimento de fazer nascer

Eu ia

postar isso:

Entre tomar pílulas de ferro e comer carne, acho que prefiro comer carne uma vez por semana...é mais natural.

Mas estou pensando duas vezes se realmente vou conseguir comer carne uma vez por semana, eu estava bem mais feliz e leve com uma alimentação sem carne vermelha, e não consigo evitar a sensação de cemitério na barriga, minhas palavras encontram maiores barreiras para se fazerem brotar.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Casa da Ciência – Cidade dos Sonhos (2001)

Gostei mais do filme dessa segunda vez que assisti, chocando-me menos, pude prestar melhor atenção ao enredo. Mesmo assim, o Marco (misterjapa) me ajudou a entender até onde ia o sonho da “Betty”.

A palestra A CARNE DA REDE: MULTIDÃO E MÍDIA LIVRE, ministrada pelo professor Henrique Antoun, teve o filme como pontapé inicial, passando pela história do cinema, a evolução do trabalho e as relações sociais de hoje.

O professor Henrique começou nos situando sobre os símbolos utilizados pelo diretor: o corpo morto que é o próprio cinema, a caixa azul que é o chroma-key, o cowboy que é personagem típico do cinema hollywoodiano. Os velhinhos que assediam a atriz, o diretor dos ano 60, a independência que é posta contra a parede.

Saindo um pouco do limite do filme, o Henrique começou a nos colocar questões para pensarmos a partir da temática do filme, as cenas que como em um sonho, se formam de forma aparentemente sem sentido, mas que na verdade, traz à tona inquietações como, o que é hoje o teatro? A televisão? O sujeito que perde sua identidade, não sabe mais quem é quem. Quem pensa, a mente ou a linguagem? O cinema é entretenimento ou arte? Cultura ou negócio? Afinal quem pensa, quem cria?

O professor Henrique falou também da expectativa que se tinha de que o cinema iria despertar o pensamento dos sujeitos, a consciência política e social do que acontecia com a sociedade, o cinema era depositário das esperanças de ser um instrumento de mudanças. No entanto, com o tempo, começou-se a questionar essa equação. E se houvesse apenas o vazio, nada a ser despertado nos indivíduos? Voltando ao filme, ele ainda falou do cinema aprisionado na caixa azul, o mendigo que representa o grande medo, o anti-estrela.

Ele falou também da reinvenção do sentido do trabalho a partir das revoluções tecnológicas, a mídia livre que multiplica possibilidades, muitos querem ter alguma palavra sobre as mudanças. O neoliberalismo que se interessa pela massa sem estrada, sem passado, e a engole. As relações sociais que passam a movimentar o trabalho, que por sua vez exige a alma de cada um de nós.
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Próxima sessão do cineclube da Casa da Ciência: 04 de JUNHO com o filme OS DOZE MACACOS (1995) do Terry Gilliam, o palestrante PAULO VASCONCELLOS SILVA e a palestra COMO TRAFEGAR NO TEMPO SEM PERDER OS DENTES.

domingo, 8 de maio de 2011

Lições

Quando me pedem dinheiro na rua, eu aproveito a oportunidade para exercitar o meu desprendimento com o dinheiro e o amor ao próximo. Dou com as melhores das intenções. Lamento por aqueles que julgam demais e recusam-se a ajudar os necessitados. Mas não se enganem, ainda tenho um longo caminho pela frente e sou testada a toda hora.
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Cla: Débora, você devia fazer algo para dar pra mamãe...
Dé: Sabe o que eu vou dar, um beijo e um abraço.
Cla: Você é a filha menos criativa...
Dé: Já sei, mãe, eu vou amar você mais do que nos outros dias!
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Com preguiça de articular...

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Quadrado dos ventos

“(...) tanta literatura, andando pelo apartamento vazio, a vida, fosse o que fosse, era agora, a vida era já, a vida era aqui, e o aqui e o já e o agora não passavam de uma vontade de chorar sem lágrimas, de vomitar sem náusea, de trepar sem sexo, tantos versos, tantos planos ficados para trás, só os dias rodando sem parar, o de ontem gerando o de amanhã,

(...) Ele sorriu. Estendeu as mãos, tocou-o também. Vontade de pedir silêncio, porque não seria necessária mais nenhuma palavra, (...)” (pág. 209 e 210)

ABREU, Caio Fernando. Pela Noite. In: Triângulo das Águas. Ed. Nova Fronteira, 1983.
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- Débora, teve dever de inglês?
- Não.
- Como não?
- Nós assistimos ao casamento, não lembra?
- Que casamento?
- O casamento do príncipe William!
- Ah, é.
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Será que eu consigo ler mais livros do que ver filmes esse ano?!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Humildemente

Enganei-me. De onde veio essa certeza fajuta?
Surpreendi-me. De onde veio essa segurança toda?
Será que brotou em mim, assim espontâneo?
Será que fui instrumento?
Nada é por acaso.

O que me leva a isso:

- Você sente dores nas maçãs do rosto?
- Não.
- Porque você tem uma sinusite braba.
- Pois eu não tenho nenhum sintoma.
- Então você é muito sortuda!
- Sortuda não, merecedora. Eu devo ter feito alguma coisa certa.
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“(...) Tão vazia que já não oferece nada à curiosidade de ninguém”. (pág. 97)

ABREU, Caio Fernando. O Marinheiro. In: Triângulo das Águas. Ed. Nova Fronteira, 1983.

“(...) O amor só acontece quando uma pessoa aceita que também é bicho. Se amor for a coragem de ser bicho?”. (pág. 168)

“ – Parecem todos iguais.
– E são. Tipo andróides, em série. Vestem as mesmas roupas, usam o mesmo cabelo, dizem as mesmas coisas, veem os mesmos filmes, ouvem as mesmas músicas. (...)” (pág. 178)

ABREU, Caio Fernando. Pela Noite. In: Triângulo das Águas. Ed. Nova Fronteira, 1983.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Lado errado

Leio para colecionar imagens poéticas, assim, vou conhecendo mais e mais o ser humano, tento sentir o que leio, tento entender de onde os personagens vêm, de onde o escritor pode ter canalizado aquela pulsão. Adoro os textos que me passam a paixão. Leio frases e pondero: “eu já senti isso antes? Sei do que ele está falando? Ou é algo todo novo, algo que eu nunca havia pensado ou sentido?”. O melhor de ler é se reconhecer nas palavras, perceber que não se está sozinha sentindo o mundo, questionando tudo e buscando respostas (im)possíveis.
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Fiquei meio chateada hoje; geralmente, eu não me meto a dar informações sem ser perguntada, mas hoje foi diferente. Senti um ímpeto inesperado de indicar onde ficava uma rua, para depois me dar conta de que tinha mandado a menina pro lugar errado. Tem gente que faz isso de maldade, de brincadeira, nem imagino os nomes que a garota me chamou ao perceber.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Sede de.

Percebia o agora e desvendava quem era, lá atrás em outras vidas, outras que são parte de uma trajetória. Suas manias e excentricidades o denunciavam. No fim, que não deixa de ser um meio, estão claros os excessos, os corpos, os movimentos repetitvos que trilham um caminho de volta à origem perdida. Os números não mentem – a infidelidade, a depravação, o prazer a qualquer custo. Ele vendia a única coisa que possuía, o seu corpo. E os fantasmas agora cobravam. Desconfiava do seu passado e de si, e tentava não sucumbir, já havia falhado tantas vezes, colecionava fracassos...até o momento crítico, a hora em que se está próximo de romper com as amarras do passado para querer outra vida. Encontrava-se no limiar exato, sem ter certeza de que caminho percorrer: abraçar o que sabia fazer ou desbravar o desconhecido, continuar inerte ou mover-se. Enquanto no passado era sozinho entre muitos, no futuro entrevia a ajuda de possíveis, ou melhor, prováveis amigos, e no presente, tinha sede. Sede de mudança. Sede de superação.

domingo, 1 de maio de 2011

Profusão

Eu até invento bastante do que escrevo, minhas sensações servem de estímulos para criar o que não necessariamente é, mas não consigo deixar de sentir que estou me traindo ao escrever certas coisas. Se bem que nem tem como o outro saber até que ponto é invenção ou não...sou transparente apenas para mim mesma.
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Luto contra meus demônios
que encontram abrigo em mim.
Luto para sair da lama,
batalha difícil –
porque ela acalma o corpo
e me liga à natureza.
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Eu guardo as concessões para aqueles que amo.
Assim os reconheço.
Mas elas são tão inúmeras,
que às vezes nem as reconheço.
Eu queria amar a todos.
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Obrigada álister pelas furadas, elas darão boas histórias para os meus filhos um dia.