segunda-feira, 11 de junho de 2012

Silêncio eterno


Algo me impede. Algo me paralisa. O desconhecido me oprime. Sinto e dói. Sinto e preciso falar, mas nada acontece. Tudo está sereno na superfície do lago cinzento; o ar, gelado. Vontades tímidas borbulham e cozinham, produzindo um vapor quente, aconchegante e impotente. Sinto pelos olhos dos outros. Como pela boca dos outros. Ouço e vejo migalhas que não têm força para explodir. Palavras e imagens excitam por míseros segundos, não sustentam o fogo ardendo. Não há tempo de acender a fogueira no meio do lago sereno, sua água gelada revigora, mas paralisa. O desconhecido do fundo, do lago negro, amedronta, cada movimento lá longe estremece-me. Não temo pela minha vida, temo por outras vidas. Temo pelo vazio de uma vida. Temo pelo que já invade a cena. Temo pelo silêncio eterno.

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