domingo, 24 de junho de 2012

Ler e educar


Eu tenho muito interesse em estudar os seres humanos, os motivos que os levam a serem diferentes uns dos outros e fico fascinada com as reações diversas que ocorrem para uma mesma situação. Trago um ocorrido recente e que me deixou um tempo refletindo sobre educação.

Ontem a família toda foi ao teatro assistir uma peça, e minha prima (12 anos) se recusava a ir, por conta de uma festa junina que teria em seu prédio. Minha irmã (13 anos) iria para a tal festa e não via a hora de poder comer as comidas típicas. O caso foi que minha prima teve um ataque no dia anterior, afirmando que não queria ir. E minha irmã veio com a seguinte reação, “eu não quero ir, mas eu vou”. Reparem, nós estamos educando minha irmã para fazer o que se precisa fazer mesmo que ela não queira. Trabalhamos isso, ardua e diariamente, no tom “vai fazer e pronto, não tem querer”. Afinal, existem situações que temos de passar mesmo com preguiça ou sem vontade – como ir para escola, por exemplo. Queremos que ela seja uma pessoa aberta aos seus deveres, que faça sem reclamar e de boa vontade. E bem já se sabe, criança gosta de limites, assim ela tem claro em sua cabeça o que se espera dela.

Sei que existem pessoas que acham que esse tipo de educação inibe a liberdade e independência, mas em minha defesa, rebato que existem crianças e crianças, minha irmã tem dificuldade em ser responsável e organizada, sentimos que ela precisa desse reforço pelo exemplo e diálogo. Pela minha experiência própria, ao me deparar com a liberdade de minha idade avançada, lições como essa me ajudaram a pensar por mim mesma, levando em consideração a boa vontade que, por sinal, potencializa o prazer por se cumprir um dever.

Por outro lado, minha irmã mesma já contou o caso de uma vizinha que só toma banho com barganhas. Imagina que estrago.
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Uns quinze dias atrás, na minha visita semanal ao CCBB, deparei-me com uma bela coincidência. Por motivos obscuros, tenho escolhido autores russos para ler de uma coleção que temos aqui em casa. O primeiro foi o Gorki e em seguida Tchekhov. Nesse sábado, em que escolhi e comecei a ler a peça de Tchekhov, cheguei ao CCBB para ver minha segunda e última sessão do festival sobre Bergman. Na vitrine da livraria Travessa, dei de cara com um folheto sobre um Clube do Livro que divulgava, nada mais, nada menos, que o livro de Tchekhov que eu tinha comigo (O Beijo e outras Histórias). O.o

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