sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Coração versus Cérebro

Nat, outro dia, descobriu que o amigo dela era espírita (eles estão por toda parte!) e mostrou-se um pouco incomodada com a forma com que ele falava da doutrina, algo com o tom de tentativa de conversão, com ar de dono da verdade. Perto dela eu já tomo esse cuidado naturalmente, ela sempre foi um pouco resistente, para mim sempre foi algo que me fazia sentir bem, por isso, eu não costumo insistir com algumas curiosidades ou assuntos perto dela.

Acho muito curioso que para algumas pessoas certas coisas são tão claras e outras não. E isso não acontece só com religião, mas igualmente com qualquer assunto na verdade.

Acabei de ler no jornal sobre um físico, Leonard Mlodinow, defendendo o acaso em nossas vidas em detrimento de Deus. Primeiro, eu não quis nem ler a reportagem, mas fiquei curiosa sobre os seus argumentos, e fiquei feliz por ter superado o meu preconceito. Ele simplesmente não consegue enxergar no mundo provas de que Deus exista, por isso, prega o que acredita. Engraçado, que tem gente que não acredita nem vendo, então fica difícil.

Em dado momento, na entrevista, quando perguntado se seria ateu, ele falou de uma realização que ele teve sobre suas próprias crenças:

“Em uma entrevista perguntaram-me se eu acreditava que havia vida inteligente em algum outro lugar do Universo. É engraçado porque eu creio nisso, embora não haja nenhuma razão científica para tal. Assim, eu entendo por que as pessoas têm fé em Deus por que eu sinto essa mesma fé, mas pelo menos reconheço que não tenho bases para acreditar nisso”.

Eu enxergo Deus em todo lugar; na natureza, em mim mesma quando encontro um amigo querido, na gargalhada de uma criança, nas palavras carinhosas de um desconhecido, na caridade e em tantos outros lugares.

O meu ímpeto tinha sido escrever sobre alguns conceitos espíritas, mas acho que Deus não está em palavras e sim em sentimentos, não adiantaria ler sobre Deus se a pessoa não se sente aberta a vivenciá-lo.

No entanto, gostaria de deixar registrado algo, o físico não consegue enxergar Deus nas situações que acontecem no cotidiano, e uma imagem me veio na cabeça, algo que provavelmente já foi dito por inúmeras pessoas (acho que até já li um conto do Veríssimo falando isso), mas me pareceu pertinente.

Imagine Deus como o diretor de uma empresa muito grande, os funcionários na fábrica ouvem falar dele de vez em quando, eles têm mais contato com seus supervisores diretos, gerentes, e à medida que vão subindo os níveis de hierarquia, mais contato se tem com o diretor. Todos nós somos trabalhadores na fábrica, e aqueles que têm Deus em seus pensamentos estão buscando subir esses níveis de hierarquia. Se não O enxergamos, nunca poderemos subir na escala da promoção.

Quando falo Deus, essa palavra remete a tudo de positivo e perfeito que possamos imaginar. Sugiro que releia o último parágrafo tendo isso em mente agora, e verá a diferença na leitura.

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