quinta-feira, 5 de junho de 2014

Porque não há outra

Eu disse “sim, vamos”, com a certeza de que o encontro iria celebrar o afastamento, ou melhor, a celebração seria pelo fim do afastamento. No entanto, estava mais só em companhia do que quando realmente só estava. Crescemos tanto para um lado e para o outro assim como a distância entre nós. A vida adulta de um lado, e a adolescente do outro. Um encontro para ouvir as últimas estripolias cômicas, para perceber um lapso no tempo: você vive o que já deveria ser passado. A vida adulta é de responsabilidades, e ouço apenas você se gabar de triunfos sociais. Qual o valor de risadas que abafam a fuga de si mesmo? Minha felicidade aflorou com o baião, e morreu quando ficou clara a distância entre os dois propósitos de vida. A felicidade esvaiu-se, mas não foi assim sem poesia, porque o trágico era estar em companhia mas só, totalmente só. E o trágico é belo, tem um encantamento todo especial, difícil de explicar. O trágico nos faz sentir, nos faz mudar de vida. É um marco, o início de uma nova caminhada, decisão abraçada porque não há outra – e, assim, despertamos. Superamos a ilusão e nos aproximamos um pouco mais de nós mesmos, da nossa essência, que é a felicidade.

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