quinta-feira, 19 de junho de 2014

Dona de mim

Ah, o abismo! Queda que parece não ter fim. Obsessão que brota de um vazio perene, que testa a força para aguentar o furacão e chegar ao seu olho, porque o olho é a origem, é o ponto de partida, um pequeno círculo sereno que vai se abrindo em espiral, de baixo para cima, nos convidando a enfrentar outras turbulências para chegar ao centro do equilíbrio – onde não há desejos que escravizam, onde não há violência que desestabiliza, onde não há revolta que impede a elevação do espírito. Elevar para ser uno, para ser instrumento de trabalho, esvaziar-se de si e encher-se de nossa própria energia sublime aprisionada por nossa ignorância quanto a quem somos nós. Rodopio em sintonias terríveis. Peço ajuda, qualquer que seja, me tire daqui, desse furacão sem fim! Lance-me para desacordar, dando uma trégua ao meu espírito que convulsiona na matéria. Porque enfrento os vícios que guardados são, a briga se agiganta e parece a batalha das batalhas. Energias densas e viscosas demandam uma resposta que ainda não existe, porque ainda faltam alicerces, certezas. A força da mente que tenta e falha. Ainda falha. Engatinho em ser dona de mim.

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