sábado, 18 de janeiro de 2014

Desconforto no mundo: Clarice

         “'Fiquei contentíssima', disse ela. 'Não esperava. Uma completa surpresa. Mas logo veio uma depressão muito forte. Eu, ganhar esse dinheirão (70 mil cruzeiros) e tantas crianças que necessitam, por aí...'
        'Por que não faz uma doação a essas crianças?', Coutinho perguntou.
      'Porque os adultos ficariam com o dienheiro. Olhe aqui, em já tentei reformar o mundo. Por isto fui estudar Direito. Me interessava pelo problema das penitenciárias. Mas, desde que recebi a notícia do prémio, não consigo pensar senão nisto: crianças morrem de fome, crianças mortas de fome. Mas quem sou eu, meu Deus, para mudar as coisas?'” (p.621)

MOSER, Benjamim. Clarice, uma biografia. São Paulo: Cosac Naify, 2013.
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Quando alguém vai invadiando a nossa vida, meio sem pedir, já não sou mais quem eu era. Tenho que ser outra. Aquela que tem que você do lado. Aquela que não mais guarda tudo dentro de si, aquela que começa a pensar no que pode ser compartilhado.Sou aquela que acredita na mudança, mas também que tem os seus limites. Hora de aprender?

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