domingo, 7 de abril de 2013

pusilanimidade

(…) “Com os lábios entreabertos, secos pelo vento que soprava sem cessar, continuou sua dura e humilde glória com pés mais leves, corpo aguçado em movimentos. Imaginou, sorrindo que atrás de si, enquanto subia e jamais alcançava, olhos estarrecidos de muitos homens seguiam-na como uma visão escapada...sim,sim, assim tornava-se cada vez mais fácil avançar o grande corpo branco...sorriu sonsa para trás e então, como se tivesse realmente acreditado no que imaginara, viu que estava sozinha. Mas um homem, um homem, implorou espantada...que a compreendesse naquele instante no prado, que a surpreendesse quase com dor. Mas ninguém a via e o vento soprava quase frio.” (p.223)

(…) “Mas com obstinação de um mundo que avisa com os olhos impotentes sobre o perigo, ela sentia sem mesmo compreender que o lugar onde se foi feliz não é o lugar onde se pode viver.” (p.229)

LISPECTOR, Clarice. O lustre. Ed. Nova Fronteira, 1982.

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