quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Na lonjura das ausências

“Ah, lua, disse ele frio, mais por dizer. Ah, Endemião, disse ele já literário. Respirava o cheiro macio e fino da noite, enchia o peito insaciável de luar e de estrelas. Uma doce e fria paz descia sobre ele na noite subitamente estagnada. Se sentia miúdo, pequenino demais. Mesmo assim apaziguado, estranhamente feliz. Naquela imensidão de noite estrelada, inundado pela luz alvacenta do luar, gostaria de descansar o coração na mão espalmada de Deus, dissolver-se na luz distante, parada, fria, serena (tudo envolvia a doce brisa macia), serena e eterna de Deus. Aquele Deus de sua infância, que ele agora, na sua desesperada suficiência, na sua insegura e violenta certeza, na sua angústia de viver, na sua busca, na sua sede nunca satisfeita, na sua fome total, entre lágrimas palmilhando o caminho da dor, do deserto, procurava negar.” (pág.209)

DOURADO, Autran. O Risco do Bordado. Ed. Expressão e Cultura, 1973.
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Cla: Você guardou o blanquet? Eu vou usar de novo!
Vini: De novo? Esse não é o seu segundo sanduíche?!
Cla: Você tá me regulando, Viniçus?! rs

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