segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Casa da Ciência – Donnie Darko (2001)

O palestrante, Erick Felinto, tinha como proposta falar sobre gêneros e a fantasmagoria da imagem, com a palestra “Explorando gêneros e analisando a potência fantasmagórica da imagem”. Logo de início, ele declarou a sua fascinação por filmes de horror, questionando se “Donnie Darko” poderia ser classificado como tal. Disse, ainda, que tentar entender uma linha lógica do filme, talvez desmerecesse toda a experiência. Para mim, a digestão do filme e da narrativa, se deu no caminho para casa.

Sobre o filme, especificamente, o Erick falou da nostalgia dos anos 80: as músicas, citações, referências sutis, o terror – chegou a definir o filme como um conto de fadas sombrio. O filme acaba por negar soluções, cheio de tramas paralelas que desviam a nossa atenção, dificultando a interpretação. O Erick chamou a nossa atenção para a experiência de climas e ambientações que criam memórias.

Falou ainda da função do cinema de produzir ilusões (o cinema que hipnotiza) e, também, da intenção de colocar os espectadores dentro do filme, como na cena dentro do cinema. Ou, então, na última cena do “adeus”, quando a menina acena para a mãe do Donnie, que acena de volta e, por fim, o vizinho acena para nós, os telespectadores. [interpretação minha]

Como um filme sobre viagem no tempo, deparamo-nos com os paradoxos temporais. A ficção científica que não fala sobre o futuro, mas, sim, sobre o presente.

Erick ainda falou sobre a dificuldade de classificar o gênero do filme, já que existe uma mistura muito grande de estéticas. Por fim, ele expressou a sua preferência por filmes com narrativas que produzem tensão o tempo todo, pois que questionam a realidade, fazendo-nos refletir, valorizando o mistério, as perguntas que ficam sem respostas, o misticismo, o uso do sobrenatural, o inexplicável.

“Donnie acaba por assumir um papel de redentor”. Esta foi uma das poucas frases que o Erick falou sobre a interpretação da trama em si, sempre preocupado em dizer que nada do que ele dissesse deveria ser tido como uma interpretação única. Quanto à interpretação, falou também sobre o Frank que aparece para Donnie como se fosse um fantasma.

Eu encontrei na internet o script do filme, e passando o olho, rapidamente, pude identificar certas cenas que não aparecem no filme; talvez tenham sido cortadas, como uma cena em que o Donnie fala com a professora de literatura sobre coelhos. Seria interessante dissecar ideas que o filme apresenta.

A primeira possibilidade que enxergo é a óbvia, do sonho. Atrás do sonho, vem a graça concedida por Deus de passear pelo caminho que as escolhas do Donnie trilhariam, culminando com a morte da menina e do Frank. Ele morre sorrindo, feliz por evitar tantos tormentos, sacrifica-se, tendo a certeza de que morre por um propósito maior. Existem outras várias descobertas deliciosas no filme, recomendo a leitura do script para complementar o filme. E eu concordo com o Erick, uma ótima experiência realmente.
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Próxima sessão do cineclube da Casa da Ciência: 03 de DEZEMBRO com o filme PROFISSÃO: REPÓRTER (1975) de MICHELANGELO ANTONIONI.

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