sábado, 24 de janeiro de 2015

Ursa da caverna

“(...) Não posso responder, e se insistem com a pergunta a nossa conversação acaba agora mesmo, cada um ao que lhe competia, eu à guarda do jardim do éden, vós à vossa gruta e à vossa fome, Nesse caso, em pouco tempo morreremos, disse adão, a mim ninguém me ensinou a trabalhar, não posso cavar nem lavrar a terra porque me faltam a enxada e o arado, e se os tivesse seria preciso aprender a manejá-los e não haveria quem mo ensinasse neste deserto, afinal melhor estaríamos com o pó que éramos antes, sem vontade nem desejo, Falaste como um livro aberto, disse o querubim, e adão ficou contente por ter falado como um livro aberto, ele que nunca havia feito estudos.” (p.26)  

SARAMAGO, José. Caim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
.
.
Assim que o telefone foi desligado e deitou-se na cama, na escuridão que a engolia, a máscara caiu. Era uma pobre fracassada. Em pouco tempo, o nariz já estava entupido e o choro cessava. O que fazer agora? Que dor no corpo e na alma por não conseguir chegar aonde se quer chegar!

O sono foi pesado, com alguns sonhos.

E, logo cedo, já acordada, de pé, a melancolia. E para se somar à tristeza, onde estava aquele papel que ela tanto precisava e só agora se dava conta, estava perdido. Tudo dando errado! A avalanche fechava-se sobre ela, sufocando. Decidiu por seguir sem o papel, depois daria um jeito.   


E a vida veio tirá-la do buraco: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão”.

Nenhum comentário: