Eu tenho
muito interesse em estudar os seres humanos, os motivos que os levam
a serem diferentes uns dos outros e fico fascinada com as reações
diversas que ocorrem para uma mesma situação. Trago um ocorrido
recente e que me deixou um tempo refletindo sobre educação.
Ontem a
família toda foi ao teatro assistir uma peça, e minha prima (12
anos) se recusava a ir, por conta de uma festa junina que teria em
seu prédio. Minha irmã (13 anos) iria para a tal festa e não via a
hora de poder comer as comidas típicas. O caso foi que minha prima
teve um ataque no dia anterior, afirmando que não queria ir. E minha
irmã veio com a seguinte reação, “eu não quero ir, mas eu vou”.
Reparem, nós estamos educando minha irmã para fazer o que se
precisa fazer mesmo que ela não queira. Trabalhamos isso, ardua e
diariamente, no tom “vai fazer e pronto, não tem querer”.
Afinal, existem situações que temos de passar mesmo com preguiça
ou sem vontade – como ir para escola, por exemplo. Queremos que ela
seja uma pessoa aberta aos seus deveres, que faça sem reclamar e de
boa vontade. E bem já se sabe, criança gosta de limites, assim ela
tem claro em sua cabeça o que se espera dela.
Sei que
existem pessoas que acham que esse tipo de educação inibe a
liberdade e independência, mas em minha defesa, rebato que existem
crianças e crianças, minha irmã tem dificuldade em ser responsável
e organizada, sentimos que ela precisa desse reforço pelo exemplo e
diálogo. Pela minha experiência própria, ao me deparar com a
liberdade de minha idade avançada, lições como essa me ajudaram a
pensar por mim mesma, levando em consideração a boa vontade que,
por sinal, potencializa o prazer por se cumprir um dever.
Por outro
lado, minha irmã mesma já contou o caso de uma vizinha que só toma
banho com barganhas. Imagina que estrago.
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Uns
quinze dias atrás, na minha visita semanal ao CCBB, deparei-me com
uma bela coincidência. Por motivos obscuros, tenho escolhido autores
russos para ler de uma coleção que temos aqui em casa. O primeiro
foi o Gorki e em seguida Tchekhov. Nesse sábado, em que escolhi e
comecei a ler a peça de Tchekhov, cheguei ao CCBB para ver minha
segunda e última sessão do festival sobre Bergman. Na vitrine da
livraria Travessa, dei de cara com um folheto sobre um Clube do Livro
que divulgava, nada mais, nada menos, que o livro de Tchekhov que eu
tinha comigo (O Beijo e outras Histórias). O.o
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