domingo, 7 de agosto de 2011

Casa da Ciência - Fahrenheit 451 (1966)

Nossa, a Márcia Tiburi trouxe muitas questões legais que perpassavam o filme “Fahrenheit 451”. E, apesar, do tom pessimista da palestra, gostei bastante dos pontos colocados, principalmente quando ela falou sobre as exigências para se dialogar, a ética que entra em jogo, quando se ouve e interage com o outro.

Bom, vamos a alguns pontos. Ela começou falando da nossa ilusão do olhar, de como temos certeza de certas coisas, quando na verdade, a visão é cheia de dúvidas.

No filme, a palavra escrita estava ausente, pudemos vivenciar a ditadura do visual, o recalque e a violência contra o verbal. A conversa que não convém, as crianças que aprendem números e não aprendem a dialogar, ou seja, a pensar. Elas não exercitam a reflexão, possível somente pela palavra, instrumento perigoso.

Ela sempre fazia paralelos com o mundo de hoje, muito presente no filme do Truffaut de 1966. Tagarelamos e não dialogamos, imbecilização do mundo pela televisão, desconexão de todos com as suas emoções. Idiota, aquele fechado dentro de si, aquele que perde a subjetividade. Alienado. A televisão como imperativa (ela nunca pode ser desligada!).

Os excluídos, os homens-livro, que usam a mesma violência contra si mesmos a seu favor. A expressão gritante de ressentimento do Capitão, por não alcançar o que se fala nos livros. Ela falou ainda da sociedade do espetáculo, quando a imagem se transforma em capital.

E, em dado momento, colocou para nós a seguinte questão: por que sentimos tanto medo de sentir? E a minha resposta instantânea foi “ninguém quer perder o controle”. Eu, pessoalmente, sinto que andar na linha é evitar problemas, evitar conflitos. E entrando na discussão de certo e errado, considero como limite a vontade do outro.

Fiquei um pouco chocada quando ela falou do Montag ateando fogo no Capitão, de como ninguém sentiu como se fosse algo abominável, como se a justiça estivesse sendo feita, e eu não senti isso. Assim, como acho a cena da moça ateando fogo em si mesma bastante forte.

Por fim, a Márcia nos apontou duas saídas para fugir da alienação, primeiro, a resistência para se produzir liberdade e, segundo, ser capaz de produzir por meio das diversas ferramentas que existem, hoje, para interferir no sistema, ou seja, sermos proativos.

Gostei tanto da palestra que pretendo comprar algum livro dela ;)
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Próxima sessão do cineclube da Casa da Ciência: 03 de SETEMBRO com o filme GUERRA SEM CORTES (2007) de Brian de Palma, o palestrante KARL ERIK SCHOLLHAMMER e a palestra O OLHAR EMBARCADO – TENDÊNCIAS DE DOCUMENTARISMO FICCIONAL NO CINEMA DE GUERRA ATUAL.

Um comentário:

Gabriel Dirma Leitão disse...
Este comentário foi removido pelo autor.