segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Crítica: Ensaio sobre a Cegueira ****

Já comecei a ponderar o filme assim que ele acabou, e vim de Botafogo até aqui em casa articulando meus argumentos e sensações. Finalizei o pensamento logo depois que discuti o filme com a minha mãe, mesmo que ela não tenha visto ou lido livro.

O filme é melhor que a média de filmes por aí, ganha pontos extras pelo enorme desafio, pela estética e pela temática. Fico feliz que o filme não tenha resvalado para o cinema apelativo, que soma mais pontos para o longa.

Ele perde pontos pelas limitações do tempo, as cenas se sobrepunham numa velocidade que não dava tempo de se digerir o que estava sendo mostrado, e quanto às atuações, os cegos não me pareceram tão cegos assim, mas como minha mãe bem apontou, talvez mostrar a dificuldade de ser cego não fosse o objetivo do Meirelles; e sim mostrar o que a mudança de condições representava, por esse lado, outros filmes já bem mostraram isso, e eu não sei se essa decisão explorou o que o livro tinha de melhor.

E o livro é melhor que o filme, o que não é nenhuma novidade. A minha experiência com o livro durou três semanas, começando com dois dias intensos de leitura e depois salpicados até terminar, passei por todo um suspense, angústia, fui digerindo as situações e me envolvendo com os personagens mesmo que não tivessem nome, características, só representavam faces do ser humano como se fossem um só.

Não consegui conectar com os personagens na tela e poucas cenas suscitaram alguma catarse, eu estava como observadora de uma realidade brutal, mas não me sentia entre eles como no livro.

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