sábado, 6 de setembro de 2008

Fragmento de uma ficção

(...) “Esse primeiro mundo foi apelidado de ‘O mundo sem homicídios’, e o motivo é surpreendente. Neste mundo, a lei de causa e efeito é ensinada e aprendida muito cedo, pois é imprescindível conhecê-la para sobreviver. As pessoas prezam a vida e preocupam-se com o próximo como se fosse a sua própria vida, o que não deixa de ter um fundo de verdade. O que acontece é que se você matar alguém, a pessoa mais próxima de você morre. No início era difícil, até os cidadãos perceberem a relação, demorou um certo tempo, e foi um aprendizado bem doloroso. Se você fere alguém intencionalmente, seu ente mais querido sentirá a mesma dor. Perguntamos se eles achavam aquilo justo, e a resposta veio sem temores: seria injusto se não houvesse punição para o culpado. É uma lei natural que não erra, algo impossível de ser estudado além do óbvio que já sabemos. Se alguém atropela outro e não presta socorro, a reação é certeira, mas se você faz o seu máximo para redimir-se e ajudar, nada de ruim acontece. A preocupação com o outro é enorme. Especulamos que talvez a ausência deste fenômeno tão perceptível e direto possa evoluir ou regredir, no sentido de que pode acontecer em outros mundos e não ser tão visível; ainda estudamos a possibilidade dessa ocorrência neste nosso mundo”.

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