quarta-feira, 9 de março de 2011

A desistência é uma revelação [*]

Meu prazer vem do transbordar. Meu prazer vem da imensidão dentro de mim, do mar agitado, revolto. Preciso aprender o prazer do vazio, e como isso é difícil!

Ou então, é preciso se encher.

Eu me encho de referências, eu me encho dos outros para tentar me dar voz. Eu me encho de sentimentos e sensações, provocadas, mais uma vez, pelos outros. Quanto mais me desafiam e testam, mais eu acabo respondendo, mais eu acabo me conhecendo. Se vazia estou, tento dialogar com a natureza, busco a brisa, busco o raio de sol, abraço uma árvore, sento perto das plantas, analiso detalhadamente os seus contornos, o seu cheiro, busco aguçar os sentidos. Fecho os olhos e estou com a natureza. Ela sempre me ajuda, nunca me deixa desanimar. Esses são os dias serenos, são dias tranqüilos.

Eu também me encho de desejos, às vezes é difícil resistir; o desejo antes do vazio, que funciona como combustível para transformar.
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“Pensara que sentiria euforia se conseguissem reaver a Horcrux, mas por alguma razão isso não acontecera; tudo o que sentia, sentado naquela escuridão, da qual sua varinha iluminava uma ínfima parte, era apreensão pelo que aconteceria a seguir. Parecia que estivera se precipitando velozmente até aquele lugar durante semanas, meses, talvez anos, mas agora estacara abruptamente, era o fim da estrada” (pág.220)

ROWLING, J.K. Harry Potter e as Relíquias da Morte. Ed. Rocco, 2007.

* frase de Clarice Lispector no livro “A paixão segundo G.H.”

2 comentários:

Mr. Anônimo disse...

Encheu-se?

Cla452 disse...

Não de forma tranquila, como eu gostaria =P