domingo, 2 de agosto de 2009

Casa da Ciência – Solaris (1972)

Dessa vez o filme foi meio parado, fomos avisados da estética lenta e própria do diretor, mas o pior não foi a lentidão e a duração do filme, o pior foram as pessoas impacientes que não conseguiam prender a atenção e levantavam o tempo todo pra dar um passeio do lado de fora. Engraçado foi ouvir a plateia, como quase não há trilha sonora nos ouvíamos e o que eu ouvi de sons entediados emitidos foi bem curioso.

Curiosa estava eu de saber como o Braulio Tavares salvaria uma palestra desse filme, porque realmente o conteúdo do filme, mesmo interessante, poderia ter sido contraído em uma hora e não duas. Ele falou da visão norte-americana presente como crítica no filme, quando um dos cientistas diz não estar interessado no contato com estes seres desconhecidos e sim com a expansão dos limites da Terra. O filme também aborda o contato com nós mesmos, porque toma a forma de nossas dores, e ele o comparou ao “2001-Uma Odisséia no Espaço” feito alguns anos antes.

A relação entre o homem e a mulher onde ambos procuram alguém para se mostrar tem mais atenção do que o livro do Stanislavski Lem que se preocupa mais em descrever o planeta Solaris. Ele falou que podemos entender o Oceano Inteligente como metáforas para o cérebro, o próprio homem, algo enorme e desconhecido, Deus que não sabe que é Deus (muito bonito isso). Achei muito bonita a ideia de ilhas de sentido dentro de uma cacofonia, palavras essas de Borges, mas que é explorado no filme também. O Braulio ainda evocou Kafka, o mito do Orfeu ao contrário, o não olhar para trás, a chegada do homem à Lua e a expressão “big dumb objects”, comum na ficção científica.

O filme ainda suscita a discussão entre cópia e original o tempo todo, e o Planeta vai aprendendo a recriar as memórias dos humanos, sempre com falhas, mas cada vez mais próximo do que conhecemos, o Oceano aprende. Ainda falou do Inferno dos cientistas, que é o que não é possível saber e ainda disse frases inspiradoras que dariam manga para questionamentos e textos diversos como: “o que pode ser explicado é sempre maior do que podemos explicar”, “nem sequer entendemos o homem para querermos entender o universo”. Ao explorar o universo, queremos a confirmação de quem somos, queremos plateia.

Ele ainda falou do futuro, de como ele enxerga que as tecnologias estão evoluindo e chegará um momento em que será possível clonar pessoas e transplantar nossas memórias, eu sei que muitos querem isso, viver jovens, poder mudar de corpo, mas eu, sinceramente, não vejo o porquê disso, meu jeito de entender o mundo não comporta a clonagem nesse sentido, eu entendo que se faça isso para clonagem de órgãos, mas eternizar nossa vida no corpo material simplesmente não faz sentido quando se vislumbra voltar ao estado espiritual.

Minha última anotação da palestra foi a seguinte frase: Antes um paraíso imperfeito do que nenhum; a Terra é nosso paraíso imperfeito, e eu tenho minha atenção voltada para um lugar que sei ser melhor do que aqui, pra que eu vou querer perpetuar minha vida aqui? Isso é desejo para os materialistas.

Pra terminar, a grande pergunta para o cientista seria “se não estamos sós no universo, quem são os outros?” porque a resposta sendo ela positiva ou negativa seria aterradora.
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Próxima sessão: 05 de SETEMBRO com o filme TEOREMA (1968) do PASOLINI e a palestrante TATIANA ROQUE.

2 comentários:

Pedro Estellita Lins disse...

Um dos últimos filmes que você viu foi Te Pego Lá Fora!! =O uahuaua
muito bom! Baixei outro dia e dublado! auhuahaua beijos!
e até daqui a pouco ein

Cla452 disse...

Pois é! Você falou tão bem do filme que tive que ver, né?! hehehe Sim sim, até mais tarde!