“(...)
Não posso responder, e se insistem com a pergunta a nossa conversação acaba
agora mesmo, cada um ao que lhe competia, eu à guarda do jardim do éden, vós à
vossa gruta e à vossa fome, Nesse caso, em pouco tempo morreremos, disse adão,
a mim ninguém me ensinou a trabalhar, não posso cavar nem lavrar a terra porque
me faltam a enxada e o arado, e se os tivesse seria preciso aprender a
manejá-los e não haveria quem mo ensinasse neste deserto, afinal melhor
estaríamos com o pó que éramos antes, sem vontade nem desejo, Falaste como um
livro aberto, disse o querubim, e adão ficou contente por ter falado como um
livro aberto, ele que nunca havia feito estudos.” (p.26)
SARAMAGO,
José. Caim. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.
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Assim
que o telefone foi desligado e deitou-se na cama, na escuridão que a engolia, a
máscara caiu. Era uma pobre fracassada. Em pouco tempo, o nariz já estava
entupido e o choro cessava. O que fazer agora? Que dor no corpo e na alma por
não conseguir chegar aonde se quer chegar!
O
sono foi pesado, com alguns sonhos.
E,
logo cedo, já acordada, de pé, a melancolia. E para se somar à tristeza, onde
estava aquele papel que ela tanto precisava e só agora se dava conta, estava
perdido. Tudo dando errado! A avalanche fechava-se sobre ela, sufocando.
Decidiu por seguir sem o papel, depois daria um jeito.
E
a vida veio tirá-la do buraco: “Buscai primeiro o Reino de Deus e sua justiça,
e todas estas coisas se vos acrescentarão”.
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