“(...) Cada qual se sentia hipnotizado pelo o que presenciava, aguçando assim os seus sentidos: o gosto de algodão-doce na boca, a sensação de fofura, paz e tranqüilidade. A alvura proporcionava possibilidades; como recomeçar do zero, sem passado e sem fracassos. Os três experimentavam uma respiração lenta e profunda, fazendo os problemas do dia-a-dia sumirem subitamente dando lugar a um vazio que logo foi preenchido por uma sensação de satisfação e esperança.
Em meio ao alvoroço do fim de tarde que é o Largo da Carioca – do movimento intenso, do trânsito, das buzinas e dos comerciantes gritando suas mercadorias – aqueles três indivíduos tinham sido tocados pela natureza, contemplavam algo tão comum, mas que se fez incomum aos seus olhos, atingindo-os de forma simples, porque eles estavam ainda dispostos a se maravilhar com aquilo que não foi criado pelo homem. O barulho era agora silêncio, ouviam os pássaros cantando nas árvores que povoavam o Largo, sentiam o ar fresco, apesar da poluição concentrada ali.
E como se estivesse de passagem, aquele algodão alvo foi se dissipando, dando fim ao transe tríplice. O executivo olhou para o seu relógio de pulso constatando que tinha ficado parado ali por um minuto, e com a sensação de uma vida inteira. O padre e a menina se entreolharam como se dividissem um segredo e sorriram. Ele respirou fundo e rumou de volta à Igreja, mais disposto a enfrentar suas dúvidas e preocupações.
A menina ficou ainda ali parada um tempo, voltou-se para as árvores e caminhou procurando realmente sentir cada passo que dava. Ao chegar à árvore escolhida respirou profundamente, sentindo-se conectar com a natureza a cada respiração. Finalmente tocou o tronco, primeiro com uma mão e depois com as duas, e fechou os olhos. Uma energia sem igual a atingiu, suas pernas bambearam e, emocionada, chorou.”
Ontem o Globo divulgou os 10 finalistas do Concurso Conto do Rio 2010. Eu tinha mandado um, mas claramente, não foi selecionado. Este é um trecho, quase o conto todo na verdade rs
Em meio ao alvoroço do fim de tarde que é o Largo da Carioca – do movimento intenso, do trânsito, das buzinas e dos comerciantes gritando suas mercadorias – aqueles três indivíduos tinham sido tocados pela natureza, contemplavam algo tão comum, mas que se fez incomum aos seus olhos, atingindo-os de forma simples, porque eles estavam ainda dispostos a se maravilhar com aquilo que não foi criado pelo homem. O barulho era agora silêncio, ouviam os pássaros cantando nas árvores que povoavam o Largo, sentiam o ar fresco, apesar da poluição concentrada ali.
E como se estivesse de passagem, aquele algodão alvo foi se dissipando, dando fim ao transe tríplice. O executivo olhou para o seu relógio de pulso constatando que tinha ficado parado ali por um minuto, e com a sensação de uma vida inteira. O padre e a menina se entreolharam como se dividissem um segredo e sorriram. Ele respirou fundo e rumou de volta à Igreja, mais disposto a enfrentar suas dúvidas e preocupações.
A menina ficou ainda ali parada um tempo, voltou-se para as árvores e caminhou procurando realmente sentir cada passo que dava. Ao chegar à árvore escolhida respirou profundamente, sentindo-se conectar com a natureza a cada respiração. Finalmente tocou o tronco, primeiro com uma mão e depois com as duas, e fechou os olhos. Uma energia sem igual a atingiu, suas pernas bambearam e, emocionada, chorou.”
Ontem o Globo divulgou os 10 finalistas do Concurso Conto do Rio 2010. Eu tinha mandado um, mas claramente, não foi selecionado. Este é um trecho, quase o conto todo na verdade rs
Um comentário:
Poxa, achei muito bom! =)
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