Ah, o
abismo! Queda que parece não ter fim. Obsessão que brota de um
vazio perene, que testa a força para aguentar o furacão e chegar ao
seu olho, porque o olho é a origem, é o ponto de partida, um
pequeno círculo sereno que vai se abrindo em espiral, de baixo para
cima, nos convidando a enfrentar outras turbulências para chegar ao
centro do equilíbrio – onde não há desejos que escravizam, onde
não há violência que desestabiliza, onde não há revolta que
impede a elevação do espírito. Elevar para ser uno, para ser
instrumento de trabalho, esvaziar-se de si e encher-se de nossa
própria energia sublime aprisionada por nossa ignorância quanto a
quem somos nós. Rodopio em sintonias terríveis. Peço ajuda,
qualquer que seja, me tire daqui, desse furacão sem fim! Lance-me
para desacordar, dando uma trégua ao meu espírito que convulsiona
na matéria. Porque enfrento os vícios que guardados são, a briga se
agiganta e parece a batalha das batalhas. Energias densas e viscosas
demandam uma resposta que ainda não existe, porque ainda faltam
alicerces, certezas. A força da mente que tenta e falha. Ainda
falha. Engatinho em ser dona de mim.
quinta-feira, 19 de junho de 2014
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