Manhã de sábado, procuro meus óculos. Agora sim, nitidez.
Os olhos agora enxergam ao limite da matéria, ver além, já é mais difícil.
Adoeci essa semana, nada muito forte, uma tosse seca, um corpo febril, sintomas
comuns com o inverno e com o momento histórico. Adoeço com o Estado do Rio e com
o país.
Formigas já começam a rondar o meu café da manhã: chá com
biscoitos. E isso não é comum, as formigas sim, o chá não. É uma tentativa de
aquecer um pouco o corpo e o coração. Quase queimo a boca, coisas da
inexperiência. Ou impaciência. Ou ansiedade.
Ando lenta, devagar, deve ser o corpo cansado. Ontem parece
que caiu a primeira parcela do salário de maio – migalhas, nem conferi. Respiro
fundo. Como um biscoito, o chá ainda está quente demais...
Sinto falta da alegria...apesar de ter sempre a sensação de
reclamar de barriga cheia. Pelo menos parece haver um balanceamento, enquanto
um lado desmorona o outro cresce, fortalece para a resistência, para a luta.
Temos tido boas semanas, não é, amor? Felicidade garantida estar do seu lado.
Faz-me esquecer a insegurança e a tristeza. Gratidão.
Já consigo tomar goles, nem demorou muito.
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