sábado, 1 de maio de 2010

Casa da Ciência – Pão e Rosas (2000)

Faz dois meses que não escrevo um texto mais extenso; com o fim da faculdade, começo a sentir a dificuldade de manter minhas engrenagens funcionando. Isso me assusta um pouco. Mas vamos ao filme e à palestra de hoje.

O professor de sociologia da UFRJ, José Ricardo Ramalho, começou sua fala nos levando à greve, que deu origem ao “1º. de maio”, em 1886, em que se buscava reduzir a hora de trabalho de 13hs para 8hs. Curiosamente, no filme “Pão e Rosas” de Ken Loach, em pleno anos 2000, os emigrantes trabalhavam 16hs. Ficando, assim, claro, como não aprendemos com o passado, como as conquistas se perdem no tempo.

Os filmes de Loach têm esse cunho trabalhista, tendo o José Ricardo, citado alguns deles que tinham essas causas como mote. O Estado mínimo assim como o neoliberalismo, e o capitalismo são criticados, e é discutido a precarização do trabalho e o aumento da insegurança, presente nas relações de trabalho hoje.

Com “Pão e Rosas”, Loach mostra-se favorável ao sindicalismo, no entanto critica a sua burocratização. Há críticas também ao sindicalismo da classe média, que luta contra uma realidade que é alheia à sua. Em vários níves, Loach traz a solidadeda à tona, dando um destaque à instituição familiar na luta trabalhista.

Como marca do diretor, o professor nos informou que Loach costuma dirigir os seus atores sem dizer-lhes os detalhes do roteiro, buscando assim, uma resposta mais espontânea dos atores e, consequentemente, da cena, como foi o caso da cena mais pesada do filme, quando a Maya confronta sua irmã, Rosa.

A fita procura mostrar ainda que apesar de sofrer, as pessoas ainda têm a possibilidade, mesmo que pequena, de resistir a ações avasaladoras do capitalismo, como colocou o José Ricardo, que leu uma resposta do diretor sobre a indagação do poder de transformação dos filmes. Este torcia para que o espectador saísse de seus filmes com um sentimento de dúvida e inquietação, o que seria o mínimo a se esperar (com adaptações).

A discussão me fez lembrar da minha aula de sexta-feira, quando o professor Marcos Barbosa, nos proferiu a seguinte frase, que estaria na constituição, “entre o fraco e o forte a liberdade excraviza e a lei liberta”.
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Próxima sessão do cineclube da Casa da Ciência: 05 de JUNHO com o filme OS OLHOS SEM ROSTO (1960) do GEORGES FRANJU e a palestrante PAULA SIBÍLIA (que foi minha professora na UFF!).

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