domingo, 7 de março de 2010

Casa da Ciência – O Processo (1962)

Nada como ver um filme e ouvir uma palestra estimulante em um sábado chuvoso!

O professor de filosofia da UNIRIO, Charles Feitosa, nos convidou a refletir sobre o filme para além das inúmeras interpretações possíveis do livro do Kafka e do filme do Orson Welles – ambos brincam com a credibilidade. Apesar de não ter lido o livro, ficou a sensação da importância do filme, sem entrar no mérito de discutir a adaptação, porque afinal são canais de comunicação diferentes.

O professor trouxe algumas informações bastante interessantes sobre o livro e o filme, como as diferenças entre eles, e também como “O processo” era um livro inacabado e como o Kafka pediu ao seu amigo, em seu leito de morte, para queimar os manuscritos. Obviamente ele não o fez e editou o livro como achou melhor.

E o Orson Welles também brincou com a história modificando a morte do Joseph K., como também inseriu o computador como personagem, este inexistente no livro.

Tendo a palestra o título: “Finitude no cinema e na literatura”, o Charles nos mostrou como racionalmente entendemos a finitude, mas emocionalmente achamos difícil de aceitar. E nos perguntou, como gostar da vida mesmo ela não tendo sentido? Como encontramos a alegria apesar da finitude?

Ainda falou da morte como algo externo, e como nos sentimos culpados por morrer, questão expressa no livro e no filme. No livro, Joseph K. – não tão simpático quanto no filme – infere que está sendo acusado de algo, fazendo referência a essa culpa que carregamos diariamente. E foi aí que o Charles falou da sua interpretação do livro, de que este não seria uma alegoria, e sim uma reprodução da nossa vida. Eu não sei bem o que pensar, prefiro assimilar que existem diferentes respostas e verdades, dependendo da situação, o lhe parecer pode ser.

Para terminar remeto a outras páginas – citações do Kafka, o início do filme, que me deixou bastante intrigada e mais sobre a noite sinistra.
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Próxima sessão do cineclube da Casa da Ciência: 03 de ABRIL com o filme STALKER (1979) do ANDREI TARKOVSKI e o palestrante OCTÁVIO ARAGÃO.

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