domingo, 5 de abril de 2009

Digerindo a palestra

Como eu falei que queria ir, fui à Casa da Ciência do lado do Shopping Rio Sul, e o debate foi bastante rico. Eu fico impressionada como certas pessoas têm o dom do discurso, é um domínio que eu mesmo invejo. Quem dera eu tivesse facilidade para expressar minhas idéias; no entanto, eu acredito que não seja fácil para ninguém, só que alguns só precisam de um certo treinamento...eu nem com isso.

Fiz várias anotações, como o declínio do sujeito falante e da figura do narrador, o esvaziamento. Ela disse que W. Benjamin já apontava isso nos anos 30, quando os soldados da primeira guerra voltaram mudos. E esse é um assunto complicado. Porque imagino que o trauma e as atrocidades vividas paralisam o sujeito, os sentimentos são tão penosos e indigeríveis que não se conseguia verbalizar. Estranho porque eu ouvi isso, e para mim é muito óbvio como as pessoas fazem as coisas de forma errada. É claro que uma situação de guerra é chocante, eu nunca que apoiaria, a solução para mim é clara: não brigar nesse nível, entender o outro, mas tem gente que não enxerga um palmo diante de si.

Para não ficar muito extenso aqui, eu queria só transcrever algumas informações, como para Nietzsche, esquecer é essencial, você esquece quando digere, e para Bergson a experiência que se atravessa e não se deleta, pois é impossível deletar informações do nosso cérebro, e então vem a idéia de que a nossa memória fica na virtualidade e não é atualizada, e por isso não está disponível para nós imediatamente. Só que tudo que passamos está lá, por isso, quando sofremos uma situação de perigo intensa, nossa vida passa diante de nossos olhos. O que acontece é que o nosso cérebro tem o cuidado de suspender e filtrar o que será lembrado, como se fosse um órgão do esquecimento.

Portanto, em diálogo com o filme que vimos, “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança”, para Bergson, as memórias não são apagáveis, porque elas não ficam inscritas fisicamente no cérebro, seria algo no campo da virtualidade, o que me parece claro também, puxando para a minha crença na reencarnação e no espiritismo.

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