Adorei o filme e a palestra dessa semana! Eu fico muito satisfeita quando saio de algum lugar cheia de vontade de ler livros e pesquisar assuntos =) Dessa vez a palestrante foi a professora da UFRJ, Ieda Tuckeman. Ela realmente desvendou o filme com a gente, foi bem bacana!
Ela começou definindo o filme como uma abordagem do acaso e do tempo, e que ele seria desses que fazem as pessoas pensarem. Eu gosto disso num filme. Ela falou que a película não se posicionava moralmente, pois nenhum personagem é moral. E o acaso se apresentaria de três formas: sorte/fortuna, acidente e jogo do mundo.
Fiquei abismada como ela diferenciou pressa e urgência; no primeiro estamos no presente e queremos chegar ao futuro, enquanto no segundo queremos trazer o futuro para o presente, e acaba ocorrendo um desencontro virtual com o futuro.
O filme tem toda uma preocupação com o tempo e a matemática, tendo as três versões precisamente vinte minutos cada. O número vinte tem ainda um papel importante no cassino. Está presente também a tentação dos labirintos, quando o ser humano tende a ir pra direita e pra esquerda, ficando preso num ciclo vicioso, quando sabemos que para sair de um devemos virar para direita.
Ela apontou para a estética que é bem dinâmica, marca do diretor. Ele traz também um formato de videogame, um universo apresentado de diferença e repetição. O relógio sempre presente, o vidro quebrando, o grito de Lola – uma tentativa de parar o tempo que explode os vidros. Tudo se repete para não ser igual, aceleradamente monótono.
Nós contraímos o tic-tac do relógio, criamos a expectativa e preenchemos o tempo. Ela ainda evocou Bergson, quando disse que a memória participa do presente. E finalizou com a afirmação de o tempo é o senhor e o real é o vazio que aparece quando o resto desaparece. Muito cabeça, né?! =)
......................................
Próxima sessão: 01 de agosto com o filme SOLARIS (Andrei Tarkovsky, 1973), o escritor BRAULIO TAVARES e a palestra “Portal para o desconhecido”.
Mais informações:
Casa da Ciência