domingo, 31 de maio de 2009

Lição 3: Aproximação

Minha avó faleceu de leucemia; eu nem era nascida, e minha mãe disse que a vó Dag ficou doente um ano, indo e voltando do hospital, sem comer direito. E a situação da Dolly a faz relembrar o que ela passou.

Eu diria que toda essa situação, por mais dolorosa que seja, me uniu mais a minha mãe. Ela esteve me apoiando o caminho todo, as idas ao veterinário, as contas, ajudando a cuidar dela e eu sou muito grata. Eu ainda não falei isso pra ela, eu sei que vou me emocionar demais quando o fizer. Dois dias atrás eu me sentia muito mal, uma depressão de fazer sentir dor por todo o corpo, de dar nó na garganta, de dar vontade de fugir, pular de uma ponte, me jogar na frente de um carro. E eu só encontrei alívio nos braços dela. Chorei e não desgrudei mais dela o resto da noite. Sem ela eu não conseguiria. Por isso eu amo mais a minha mãe. Pena que temos que passar por situações tão extremas para perceber esse tipo de coisa.

sábado, 30 de maio de 2009

Lição 2: Sou egoísta por não querer sofrer?

O ser humano tem inúmeros defeitos; o egoísmo é a base para outros defeitos, e eu o considero a falta que mais devemos nos policiar. Por isso, ao me questionar sobre o meu sofrer quando a Dolly partisse, pensei se eu não estava sendo egoísta. Nessas horas nos revoltamos por termos nossos entes queridos tirados de nós, mas na verdade não podemos nos prender dessa forma. Senti-me confortada por encarar como uma libertação, e mesmo deixando saudades, nossos laços talvez nos una novamente. A teoria é mais fácil que a prática.

Não sei exatamente se caio no erro de ser egoísta de não querer vê-la sofrer, porque na verdade EU sofro por ela. Sendo um animal irracional, ela não sabe que irá morrer e não sei se sofre o tanto quanto nós. Eu tento entender a natureza e sua aparente crueldade, mas é difícil.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Lição 1: Preparação

Eu sabia que seria um processo doloroso quando a Dolly nos deixasse, por isso venho me preparando desde que ela completou 10 anos; a partir dessa idade, qualquer coisinha que ela tinha servia como um ensaio para o big finale, e eu morria de medo de não saber quando seria ou como. Nessas últimas semanas, conversei com a minha mãe sobre isso, e mal sabia eu que este poderia ser o tal finale.

A Dolly ainda não faleceu, mas ela está bem fraquinha, não está comendo de novo, cada dia é uma tristeza só, tentando que ela fique com alguma coisa no estômago. Hoje ela tirou sangue de novo, mas já esperamos o pior: leucemia.

Como lidar com isso? Não fazemos ideia, ela caminha com dificuldade, as pernas vão se abrindo enquanto anda, mal se equilibra. Quanto tempo pode-se agüentar? Ela agora exige atenção 24hs por dia, e isso pode ser exaustivo. Meu pai disse que se eu me dedicar a ele metade do que eu estou dedicando a Dolly quando ele ficar velho, ele ficará satisfeito.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Sofrendo em silêncio

Agora eu conheço um pouco da realidade daqueles que vivem um dia de cada vez, daqueles que se preocupam a todo instante, com medo de uma recaída. Daqueles que não sabem se o próximo dia será um bom dia ou não, daqueles pais que vivem com seus filhos no hospital, daqueles parentes que têm alguém da família fazendo qualquer tratamento para salvar o seu corpo, quando parece que esse tempo não terá fim e você acha que não tem mais forças. A fraqueza parte meu coração e o mundo vai perdendo sua cor.

Maldita TPM.

domingo, 24 de maio de 2009

Incompetência me irrita

Hoje passei quase o dia todo longe da Dolly, mas antes de partir pras minhas 5h de prova em Bonsucesso, deixei a rotina dela anotada refeição por refeição. Como ela emagreceu e ficou anêmica, ela está fazendo uma super dieta de engorda, comendo de 2 em 2 horas patê, fígado, pasta vitamínica, moela, ração e o que mais ela quiser comer.

Preocupada como só eu, perguntei se minha irmã tinha alguma dúvida com relação ao que estava escrito, e na parte do fígado e da moela, ela deveria dar uns 10 pedacinhos, de um em um, pra ela não comer rápido demais e vomitar. Estava lá, tudo determinado.

Cheguei em casa febril, esgotada da prova e me deparei com a Dolly mole, parecendo cansada. Achei que era por causa da agitação de domingo, com as crianças correndo de um lado para o outro. Perguntei sobre o dia dela e a Nat disse que ela não quis a ração. Achei estranho, por que ela ficava animada quando eu dava. Chegou então a hora de dar o patê novamente e ela não quis. Nessa hora, eu já começava a ficar preocupada com uma recaída, apesar de não condizer com a melhora que ela vinha apresentando.

E quando fui guardar o patê na geladeira, vi que duas bolsas de plástico – com as carnes da Dolly – não estavam mais lá. “Natália, você deu as duas bolsas pra Dolly?” “Dei.” “Mas é muita coisa! Eu escrevi pra dar 10 pedaços!” E ela se defendeu dizendo que a mamãe tinha dito que era pra dar tudo. Ou seja, mistério resolvido, a cachorra está é entupida de comida.

Não é irritante quando você toma as precauções necessárias e mesmo assim a coisa sai errada? E eu fico bolada com o descaso da Nat, porque ela não perguntou pra mim, que sabe melhor do que qualquer um, a rotina da Dolly. Como ela não percebeu que era comida demais, porque só eu percebo essas coisas?

Espero que ela não tenha uma indigestão. Amanhã saberemos o resultado do último exame de sangue dela. *ansiosa*

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Aperitivo

É estranho estar imerso no contemporâneo e ouvir falar sobre os degraus que pensadores subiram para entender uma realidade que nos parece ter sido sempre deste jeito. Eu já me acostumei a ouvir que vivemos convenções e construções, mas é difícil visualizar que aquilo que está impregnado no nosso “eu”, não foi sempre assim, e enxergar da outra forma requer uma subjetividade que você desconhece.

Como resultado de processos históricos, nós vamos sendo despolitizados, não por um grupo de pessoas específico, não como conseqüência de um plano mirabolante de um indivíduo, mas pelos processos “naturais” da sociedade. As demandas vão surgindo e as coisas vão acontecendo e mudando. Desde a construção do indivíduo, fomos nos tornando mais voltados para a nossa interioridade, o que mais a frente – na atual conjuntura – reflete em uma responsabilização pelas suas desgraças, principalmente quando o assunto diz respeita a saúde.

Culpamos o fumante pelo seu câncer pelo amplo acesso de informação disponível, pois a partir do momento que se sabe as conseqüências de um ato e assim mesmo agimos, repetidamente; devemos assumir aquilo que fizemos nós mesmos ao nosso corpo. Isso pode parecer óbvio, mas é porque crescemos ouvindo isso, quando na realidade, foi algo injetado. Pessoalmente eu acredito que seja culpa da pessoa, mas isso não quer dizer que por ela ter feito essa opção, ela não mereça o seu apoio e atenção, principalmente se for alguém significativo para você.

Assim, o nosso corpo e saúde adquirem uma importância essencial de onde podemos partir para entender um pouco esse tempo em que vivemos. E é essa jornada que espero fazer na disciplina TEORIAS DO CONTEMPORÂNEO, conhecendo conceitos inerentes às questões.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Pensamento interrompido

De volta a faculdade, minha aula depois do almoço começou meio apagada...depois de eventos tão traumáticos e extenuantes eu me sentia meio apática, só pensando na Dolly em casa.

No entanto, o assunto da aula era tão interessante que captou minha atenção. A professora instigou diversas questões que dariam pra desenvolver por aqui, eu só tenho que pegar as anotações e me imergir ali, mas eu não estou com espírito agora. Ao mesmo tempo que eu fico maravilhada com as indicações de textos, eu também fico receosa porque é muita coisa pra ler em pouco tempo; alguns dos autores que ela citou: Bauman, W. Benjamin, Giorgio Agamben e Hannah Arendt.

Ok, fui interrompida e o pensamento se perdeu.
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Últimas da Dolly: O seu hematócrito subiu de 16% para 25%! O ideal é que fique entre 37 e 55. Ela está comendo alimentos ricos em ferro, o patê e bebendo bastante água =D A leucocitose também melhorou, de 26.400 baixou para 24.200, no qual o ideal é entre 6.000 e 17.000. Sábado ela fará um novo exame de sangue, e felizmente estamos otimistas!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Recuperação lenta

Que montanha-russa foram essas últimas semanas, e não de forma positiva, nem um pouco. Com três quilos a menos e um ânimo qualquer, que nem sei de onde vem, tive tempo para continuar a escrever sobre a saga da Dolly.

Como suspeitávamos, devido a coloração esbranquiçada de sua gengiva, ela estava super anêmica, com o hematócrito em 16% quando deveria ser 40%. Na segunda-feira de tarde, o vet me ligou e falou que sua única chance seria receber uma transfusão de sangue. Que noite tensa foi aquela! Ela fraquinha e nós na expectativa, sem saber o seu destino.

Na terça-feira de manhã, a levamos e foi um custo pra conseguir achar a veia da coitadinha, foi furada diversas vezes e ainda tinha o temor de dar qualquer reação com o sangue doado. Agora com sangue no corpo, ela voltou a beber bastante água, e está aceitando bem o patê, mas parece que ainda não tem força pra morder a ração, tadinha.

Hoje ela colheu mais sangue para o acompanhamento, tomou antibiótico injetável (outro, porque a amoxilina parece não ter tido efeito), porque os leucócitos ainda estão altos e tirou uma parte dos pontos. Quem dera ela não tivesse tirado, ficou com uma coceira maldita. Agora ela está lá cochilando, mais cedo comeu o patê e já tem pronta pra ela uma sopa de beterraba com fígado, refeição rica em ferro! Vamos ver se agora ela dá uma arrancada =D Pensamento positivo!

domingo, 17 de maio de 2009

Ranking do Orkut

Duas semanas atrás, antes de minha atenção e energias voltarem-se para a Dolly, eu entreouvi uma conversa na UFF na hora do almoço que me surpreendeu. O grupo de alunos que pareciam ser calouros, discutiam o Orkut incessantemente. Primeiro eu pensei: se forem alunos de comunicação, fazem bem em discutir o meio de comunicação, no entanto, o assunto era tão insignificante que pensei ser mais um grupo de indivíduos transbordando futilidades.

Geralmente eu reluto em julgar, pensei ser um desses papos descontraídos, desses necessários para esparecer as tensões da vida, até porque, eu mesma não falo de coisas significantes, profundas e questionadoras o tempo todo.

Mas eu nunca passaria um almoço inteiro falando de mecanismos para descobrir quem votou ou não se você é sexy e quem mudou o seu voto, convenhamos que isso é totalmente vazio, a não ser pela preocupação obsessiva da garota que falava de saber o que os outros pensam dela.
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Últimas da Dolly: Continuamos preocupados porque ela não está comendo. Amanhã ela fará um exame de sangue pra ver como vai tudo lá dentro. Aparentemente ela está com dor e por isso anda com dificuldade, meio sem equilíbrio, não sabemos se isso é por causa da operação ou da coluna. Estou dando soro de açúcar e sal de hora em hora e sopa na seringa.

sábado, 16 de maio de 2009

Utilidades da escrita

Escrever para mim sempre significou duas coisas: organizar ideias ou uma brincadeira. No entanto, minha professora explicitou outra função pra escrita que eu achei, a princípio, nunca ter usado. Como ela é pesquisadora e estudiosa, o escrever para ela tem um sentido de descoberta, conquistar o pensamento, forçá-lo a sair da toca. Esse tipo de exercício eu não tenho o hábito de fazer, e quando ela nos exigiu isso na prova, eu fiquei sem saber como agir.

Do jeito que ela quer, realmente minha prova foi medíocre, tendo ela apontado que minha segunda questão foi melhor que a primeira. Eu me dou um desconto, porque agora eu sei o que ela espera de nós para uma segunda prova.

Eu só me recordo uma vez em que fui construindo meu pensamento enquanto escrevia, porque geralmente eu escrevo o que eu já pensava há bastante tempo. Eu senti mesmo uma dificuldade de elaborar as respostas porque parecia faltar conhecimento, talvez eu não esteja dedicando leitura suficiente, como ela mesma falou, mas também, eu nunca fui exigida assim - para ousar na escrita e no pensamento a partir de uma leitura, o que me entristece um pouco, pois isso que deveríamos estar fazendo na faculdade.

Ela não queria que fizéssemos definições, ela queria que pensássemos a partir delas, e eu, na verdade, estudei para apresentar um mínimo e não ousar. E é difícil pensar a partir de conceitos que você não domina, porque afinal você não estuda só aquilo como ela o faz. Mas longe de mim criticar essa cobrança, acho ótimo, só me sinto um pouco para trás, porque de certa forma ela não compartilha tudo conosco, ela quer que trilhemos nosso caminho, só que é um pouco injusto, pois sua bagagem de leitura é infinitamente maior.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Meio peso nas costas

Eu só vou voltar ao normal assim que a Dolly se recuperar completamente, e felizmente o prognóstico é bastante favorável. Desde sexta-feira que estamos tensos, mas ontem, finalmente eliminamos o problema. Enquanto ela estava na operação, cada toque do telefone o meu coração se descontrolava, uma sensação terrível, que eu não desejo pra ninguém.

Deu tempo de fazer tudo: a histerectomia, o tártaro e a verruga da cabeça dela (tão grande que levou ponto!!). Fiquei duas horas com ela até a anestesia queimar o suficiente e ela começar a andar. Em casa, ela continuou tremendo e dormiu boa parte do tempo, bebeu pouca água e não comeu.

O vet falou que esses três dias após são importantes de observar o seu comportamento por questões de infecção, mas ela parece estar boazinha, apesar de estar devagar, normal pra idade dela e pra quem acabou de operar. Tomou o antibiótico sem vomitar, o que foi um alívio. Nem acredito que depois desses 5 meses de tensão e incerteza, agora podemos ficar mais tranqüilos.

domingo, 10 de maio de 2009

Smallville: Sopa de moralismo

Eu entendo que questões morais sejam centrais numa série que tenha o super-homem como personagem principal, mas essa salada de moralismo me enoja. Retirei essas falas só de um episódio (Injustice_8x21), e por mais que eu concorde com alguma coisa que é dita ali, a forma como é feita desmerece todo o discurso, que é raso e repetitivo.

***

Para fazer a coisa certa ultimamente, sempre é preciso de segredos e mentiras.

Tem que quebrar as regras dessa vez.

Às vezes a justiça... não é fazer a escolha fácil.

Não deixarei o mundo ser tomado por um bando de aberrações.

Quantas vidas mais está disposto a sacrificar se seus planos falharem desta vez, Clark?

Meu dever é fazer o que é certo.

Servimos de exemplo para que outros sigam.

E se não o fizermos, então não somos melhores do que aqueles que combatemos.

Eu o destruí... para que não tivesse escolha senão matar o monstro. Mandá-lo para uma prisão em outro mundo não é o suficiente.

Clark, a marca de um verdadeiro herói é a disposição de sacrificar suas crenças morais para ajudar a manter o mundo em segurança.

Não pode evitar o destino. Lex me ensinou uma coisa. A palavra "destino" é usada pelas pessoas que se esqueceram de quem são.

Por que está tão determinada em ver Davis Bloome morto? Simples, Clark. A sobrevivência de toda uma civilização depende disso.

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Eu tinha abandonado a série, decisão bem acertada, mas os malditos me repescaram e enganaram quando começaram a desenvolver mais o romance “Lois e Clark”. Ingenuamente, achei que tudo teria fim agora, Smallville não voltaria para uma nona temporada e eles seriam obrigados a acelerar a junção do casal. Confesso que gostei de alguns episódios e cenas dos dois juntos, mas esse jogo de audiência me irrita. Larguei de novo.

sábado, 9 de maio de 2009

Vigília e alívio

Eu ia escrever durante o meu período de vigília ontem, me manter ocupada para ficar de olho na Dolly, mas nem foi exatamente preciso. Felizmente ela dormiu grande parte do tempo e eu me contentei com um sono leve, atenta para se ela acordasse.

O fato foi que passava eu feliz e contente na rua, com o intuito de alugar um filme e visitar a Pat, quando liga minha mãe pra falar que a Dolly não parava de tremer, mesmo depois de tomar o gardenal.

Encontrei-a, realmente, em um estado diferente do convulsivo. Conseguimos encaixar um horário no vet dali a 3 horas, e a confusão já foi o suficiente para tirar a minha fome...desde ontem comi só duas bananas, a única comida que não me embrulha o estômago.

Ela fez exame de sangue para descartar a possibilidade do rim e no final da consulta, o vet já estava acreditando ser a causa da tremedeira, uma dor intensa na coluna.

Para a dor ele receitou um remédio tipo morfina, pesadão, pra dar de 8 em 8 horas. Como ela não está comendo, estamos dando sopa e líquidos por seringa. Pesquisamos na internet, sobre as possíveis causas, e encontramos calcificações, artrose e hérnia de disco. Minha mãe e eu conversamos sobre a morte, eu (muito dramática) já achava que ela estava nas últimas, exagerada pra caramba!!!

No meio da noite, três horas depois da segunda dose de morfina, ela estava conseguindo se levantar, se coçou e até se sacudiu. Dormi melhor do que eu esperava.

Hoje cedo fomos ao vet antes do horário da primeira consulta e vimos o exame do rim, da creatina. O vet ficou muito surpreso! Disse que aquilo era fantástico, porque ele não esperava que baixasse a taxa. Baixou quase pro normal! De 2,8 baixou para 1,7(normal até 1,6). Essa boa notícia junto com a melhora dela de ontem pra hoje, nos tranqüilizou.

Ele injetou um óleo para as juntas e passou um antiinflamatório, além continuarmos com remédio pra dor e o complexo vitamínico, porque ela ainda não está comendo. Eu também não comeria, tanto que estou mesmo sem comer de nervosismo, estresse, angústia.

Depois disso tudo, minha mãe chamou a Dolly de fênix rs
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Ela (Dolly) acabou de vir pedir colo, não está mais tremendo, só trêbada mesmo, comeu biscoito maisena e bebeu água de côco. Chique, heim?!

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Foucault pilulado

Hoje fiz minha primeira prova sobre Foucault, e fiquei meio insegura depois que a professora me olhou com um ar de surpresa, após eu ter teminado e passado a limpo com uma hora e meia de prova.

Eu estou gostando bastante da matéria, mas é muita informação para digerir. A professora já nos preveniu que a primeira nota é sempre menor que a segunda, justamente por ser todo um extenso conhecimento.

Pra quem já ouviu falar de Foucault, mas não faz ideia do que se tratam os seus estudos, coloco aqui algumas pílulas de informação, de minhas anotações das aulas:

Sobre o mito ocidental de que o saber deve renunciar ao poder, ele defende, assim como Nietzsche, que por trás de todo saber e conhecimento está em jogo uma luta de poder. Hoje, isso pode parecer óbvio, com a máxima: informação é poder, mas na época, não era bem assim por herança de Platão.

O sujeito é fruto da sexualidade e Foucault estuda a relação entre ela, o poder e o saber. Ao negar, reprimir e censurar, pela regra da imanência, estamos saturando os corpos sexualmente, incitando a curiosidade.

A partir do século XVII, o corpo era encarado como máquina, e através do adestramento e da extorsão das forças, instituía-se a sociedade disciplinar. Por meios de confinamento (escola, fábrica, prisão etc) os corpos poderiam ser vigiados, produzindo assim, corpos dóceis e úteis. Com a Segunda Guerra Mundial, esta lógica entrou em crise e um tempo depois coexistiu com a nova lógica, a do controle, a céu aberto, e que estamos vivendo ainda hoje, sem prazo de validade.

Hoje, estamos em formação permanente, acabou o tempo que fazer uma faculdade era suficiente, tem que fazer pós, mestrado, doutorado; as empresas e nós mesmos nos sentimos insatisfeitos mesmo quando temos o necessário.

Foucault fala também de bio-poder, um conceito bem conhecido dele, em que os processos biológicos começaram a ditar a vida, porque estamos constantemente produzindo saberes com a intenção de superar o ponto crítico do poder: a morte.

Essas pílulas têm a intenção de aguçar em vocês a vontade de ler Foucault, por que isso não passa nem perto da riqueza de conhecimento que estão registrados em seus livros, a leitura é tranqüila, ele não é um estudioso desses que fala difícil.

Alguns títulos dele: “A Verdade e as Formas Jurídicas”, “Vigiar e Punir”, “História da Sexualidade Vol. 1 – A Vontade de Saber”.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Conto inspirado

no estilo literário do argentino CORTÁZAR, Julio. A produção do cara é genial, a minha, parece mais um atentado.

Abismo

Eram cinco amigos, mas nem todos eles se entendiam, como acontece em todo e qualquer lugar. Nada de especial e diferente havia nesse grupo, eles saiam nos fins de semana e se falavam com freqüência. E como em um dia normal, um deles acordou atrasado para o compromisso marcado, nem percebeu, ao se olhar no espelho, que havia algo diferente com a sua boca.

O segundo amigo, o observador, percebeu que seus óculos pareciam não estar funcionando e que talvez o seu grau tivesse aumentado; não da noite para o dia, mas só agora se fazia perceber. Além de embaçado, ele não conseguia abrir seus olhos totalmente. Pensou duas vezes antes de sair, mas como não sentia nenhum outro sintoma, jogou uma água no rosto e saiu.

O terceiro amigo, depois de tomar café da manhã, foi limpar seus ouvidos, depois que não parecia ouvir bem a televisão, mesmo no volume máximo. Pensou que talvez o problema fosse com os auto-falantes desta e resolveu, então, fazer um teste, mas com o quê? Falou qualquer coisa em voz alta, e ouviu somente uma voz ao longe. Antes de ir ver um médico, iria ver seus amigos, pois já tinham um compromisso marcado.

O quarto amigo, não percebeu a alta temperatura da água que fervia na panela, os respingos o molharam, mas nada sentiu, só viu umas manchas avermelhadas no seu braço, achou curioso e saiu para encontrar seus amigos na esquina combinada.

O quinto e último amigo era do tipo que tinha constantes altos e baixos em sua vida, e geralmente os seus amigos o apoiavam na tristeza principalmente. Naquele dia, ele tinha acordado particularmente bem, talvez porque não sentisse o cheiro de mofo característico de sua casa e que tanto o irritava.

Mal sabiam eles que depois daquele dia, eles não mais se encontrariam, cada qual com seu excesso perdeu a condição de se comunicar. O segundo não enxergava os problemas dos outros, o terceiro não escutava o que ocorria com os outros, o quarto não sentia a angústia dos outros, o quinto estava achando tudo ótimo porque não sentia cheiros ruins e por isso não percebia a aflição dos outros e o primeiro, não podia mais ser extravagante com as palavras e com seu tom, sem saber como demonstrar o que acontecia sem poder fazer uso do instrumento que mais dominava.

Tornaram-se corpos subtraídos, com seus sentidos atrofiados, um abismo criado por cada um, um abismo que marcou suas vidas, a partir daquele dia, até quando não mais sabiam quem eram.

domingo, 3 de maio de 2009

Casa da Ciência – UFRJ

Como parte da atividade “Ciência foco”, ontem fui ver o segundo filme do ano: “Blade Runner – O caçador de andróides”, para em seguida ouvir a palestra O PROBLEMA MORAL DE PHILIP K. DICK, ministrada pelo psicanalista Jurandir Freire Costa.

Fui de mente aberta, porque eu sabia da repercussão do filme na época, e sabia também que seria algo muito diferente do que estou acostumada a ver, e realmente o filme passa bem lentamente.

No entanto, a palestra foi de tirar o fôlego, eu não esperava que fosse algo tão rico, e fiquei super empolgada para ler os romances do PKD. O Jurandir falou super bem do filme, que o Ridley Scott manteve o espírito do livro (Do Androids Dream of Eletric Sheep?) e que agradou o autor.

O Jurandir falou bastante de questões centrais da obra do PKD, como o problema moral, o que é ser humano e o que é o mundo, o que é a realidade. O humano é quem é moral, falou da contra cultura dos anos 60 que fez parte do contexto dele, de como ele era drogado, desequilibrado, insuportável, e como seus amigos gostavam dele mesmo ele sendo uma figura alucinada.

Ele falou de duas regras presentes na sua obra: não obedecer cegamente, ser capaz de fazer exceção. E o que mais me marcou, foi ele defender o espírito aberto ao outro, tolerar a diferença, ter consciência de si e do outro. Assim, o sujeito começa a não saber quem é, porque é daí que surge a empatia com o outro. Aceitar o outro requer o não se saber quem é.

E ele chegou a falar com um tom sinistro de como o mundo está de ponta cabeça, como tudo hoje é mais difícil, violento e caótico, algo que o PKD teria premeditado com as suas histórias.

Alguns títulos dele: Loteria Solar, O Homem do Castelo Alto, O Homem Duplo, A Transmigração de Timothy Archer.

O próximo encontro será dia 6 de junho com o filme GUERRA DO FOGO (acho que vi uma vez na escola...), agora não lembro quem fará a palestra, mas tenha certeza que estarei lá.

sábado, 2 de maio de 2009

O Encantador de Cães / The Dog Whisperer

Minha mais nova obsessão! Não canso de ver os casos dos cachorros e de seus donos ignorantes, assim como eu e qualquer um. É algo tão novo lidar com a psicologia do cão, sem humanizá-lo, para mantê-lo equilibrado e no seu lugar de cão, porque é assim que deveria ser.

Eu fico boba com o tanto de informação que o Cesar Millan tem sobre o comportamento canino, e impressiona porque funciona mesmo, faz sentido e sempre passa pela ignorância do dono. Aprendi a importância da caminhada para o cachorro, como devemos nos impor como líderes para dominarmos eles e não nos deixar dominar. E os cães funcionam de maneira tão constante, é instinto, é aquilo e acabou, não têm as frescuras dos humanos.

Eu trabalharia feliz e contente com isso.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Em Terapia - 2ª. Temporada e sem fronteiras

“Constantemente mudamos nossas lembranças para que o passado não entre em conflito com o presente. Se odiamos nosso marido agora, lembramos com menos alegria o dia de nosso casamento.” – Gina
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Com o advento do Google Analytics descobri que tenho leitores diretamente de Portugal! Eu os convido para se manifestarem!!!

Também tem gente da Bélgica, EUA, Espanha, Algéria e Guatemala. Legal saber que o fatia está ultrapassando fronteiras =D